Penso que no passado os Santos eram mais populares que hoje. Eles eram vistos como intermediários entre o ser humano e Deus. Hoje, os Santos são mais vistos e amados como irmãos nossos. Antigamente havia o Santo do caminhoneiro, dos estudantes, do agricultor, do médico, do professor e outros. Na maioria das vezes, as pessoas recorriam aos Santos, e não a Deus. Ouvi dizer que, certa vez, uma senhorinha foi diante do Santíssimo e disse: “Senhor, pede para Santo Antônio me ajudar a encontrar meus óculos!”. Parece haver aí, neste pedido, um crédito maior ao Santo. Mas, já há algum tempo nós vimos aprendendo a nos dirigir diretamente ao Senhor nosso Deus. Mas, não podemos nos esquecer dos Santos. Ler e conhecer a vida dos Santos, muito nos ajuda no amadurecimento da fé e no desenvolvimento das virtudes.
Santo significa perfeição, fortaleza, abundância de graças. Somente Deus está acima do mundo limitado e imperfeito, efêmero. Somente Ele é Santo. Mas, podemos sim participar de sua Santidade. Assim fizeram todos os Santos que celebramos na Liturgia da Igreja.
Dia 01 de novembro é o dia de Todos os Santos; mas, no Brasil a Igreja celebra a Festa Litúrgica no primeiro domingo depois do dia 01.
O que significa celebrar Todos os Santos? Significa celebrar uma parte de nosso “Creio”: “Creio na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos”. Todos os Santos formam uma comunhão, constituem unidade. A festa, então, mais que lembrar Todos os Santos juntos, lembra-nos que eles são os redimidos por Cristo e formam o Corpo Glorificado de Cristo.
Celebra-se, então, a Comunhão dos Santos.
Todos os Santos se unem, também conosco, mediante a caridade que nunca passará. Devemos nos sentir próximos de todos os Santos como irmãos e amigos. Santa Clara é minha amiga, Santa Rita de Cássia, também, São Francisco é um irmão mais velho. Eles estão próximos, estão presentes. Estão apenas do outro lado. Como dizia Santo Agostinho: “Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas longe de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho…”.
Ser Santo é estar com Cristo no céu, ou ainda, aqui na terra. Santidade é dom de Deus que requer adesão, correspondência, mas sempre será dom. O desejo de seguir Cristo é dom, segui-lo é dom, perseverar no seguimento também é dom. Só Deus pode nos tornar Santos.
Qual o caminho para a Santidade? Primeiramente devemos ter consciência de que não basta seguir a Jesus; é preciso apaixonar-se por Ele, desejar conhecê-lo sempre mais, e viver os Sacramentos como meios de Santificação. A participação na Eucaristia, a confissão frequente nos ajuda a sermos Santos e praticarmos a caridade.
Ser Santo não significa o que muitos pensam que é: se desumanizar. Não! Ser santo não é se desumanizar. Ser Santo é estar em sintonia com Deus. Jesus reconheceu que é possível viver a genuína identidade humana em todos os seus aspectos, mas não apenas para si. É possível viver a vida com abertura para os outros e para Deus. É possível sair da busca solitária do melhor para mim, e fazer também ao outro o que gostaria que ele fizesse para mim.
Todos são chamados à Santidade: os casados, os solteiros, os padres, os monges, as religiosas, as mães, os pais, os filhos. É a nossa Vocação Universal.
Frei Maurício Solfa, OFMCap