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Dezembro 2024 – O NATAL DE SÃO FRANCISCO E O NOSSO NATAL

Dezembro 2024 – O NATAL DE SÃO FRANCISCO E O NOSSO NATAL

Para São Francisco de Assis, o Natal é a festa das festas, porque o Filho de Deus se revestiu de nossa frágil humanidade, para a nossa salvação. Por isso Francisco queria que o Natal fosse celebrado com alegria e generosidade para com todos, sobretudo para com os pobres e até para com os animais.
Ao falar de Deus, costumamos identificá-lo como Onipotente, Criador de todas as coisas, Senhor do céu e da terra. Isso não está errado. Deus é tudo isso. Mas o Natal nos mostra, também, uma outra verdade sobre Deus, que é o da humildade e minoridade. Esta verdade distingue a nossa fé da fé de tantas outras religiões. Na maioria das religiões se cultua somente um Deus poderoso e cheio de glória. Mas é na religião cristã que esse Deus se revela, também, na pequenez e na fragilidade de uma criança, no seu desamparo e na sua necessidade de ser amada. Assim, o ser humano não precisa se distanciar de Deus, porque Ele se aproxima de cada pessoa no sorriso de uma criança e se faz pequeno, aniquilando-se (cf. Fl 2,5-8) e entregando-se a nós num frágil ser humano.
Realmente, o Menino Deus nasceu pobre e à margem da história oficial. Até hoje as circunstâncias daquele nascimento permanecem as mesmas em nossas favelas, periferias, acampamentos improvisados, indígenas, migrantes e refugiados.
E o que dizer das guerras entre Israel e Hamas da Palestina, entre Israel e Hezbollah do Libano, entre Rússia e Ucrânia que matam centenas de crianças todos os dias? Celebrar o Natal indiferente a estas situações é um escândalo contra Deus e contra o próximo. Por isso, mesmo que o consumismo insista em transformar o Natal em um evento social pomposo, de luzes artificiais e de mesas fartas de comida e vazias de solidariedade, a pobreza de Jesus na manjedoura, e de todas as crianças que vêm ao mundo sem uma acolhida digna, transforma-se em denúncia profética e em um convite a resgatar o sentido mais profundo do Mistério da Encarnação de Jesus.
Certamente esta foi a sensibilidade de São Francisco de Assis: ele quis que o Natal fosse a festa de todos, mas sobretudo dos mais fragilizados; quis que os necessitados pudessem comer à vontade, porque Deus se fez pobre, se fez criança. Realmente, esse Deus, mesmo sendo poderoso, se tornou frágil e aceitou a condição de refugiado para revelar, através de um gesto de identificação com os desvalidos deste mundo, que nunca mais estarão sós, porque Ele é o Emanuel, o Deus conosco.
Assim, olhando para a manjedoura de Jesus, que não exclui ninguém, nós percebemos que o Natal inaugura uma maneira nova de relacionamento humano e interpela a todos para acolher Jesus que vem até nós na pessoa de nossos irmãos e irmãs necessitados. De modo que, tomando a sério o que nos é revelado no Natal, somos convidados a construir situações e estruturas onde reine o amor, a justiça social e a solidariedade entre as pessoas.
Que tenhamos um feliz e santo Natal!

 

Frei Pedro Cesário Palma – Pároco

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