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Novembro 2024 – A IRMÃ MORTE

Novembro 2024 – A IRMÃ MORTE

No dia 2 de novembro lembramos e rezamos pelos fiéis defuntos e por todas as pessoas que já partiram desta vida. E, por ser um mês que aponta para o final do ano, faz bem pensar na finitude da nossa vida e de tudo o que existe.
Para os que seguem a Jesus Cristo, a realidade dolorosa da morte precisa ser entendida a partir de uma visão cristã. E a fé cristã nos ensina que a morte não é a última palavra. A última palavra é a vida. É com a morte que começa o verdadeiro nascimento da pessoa. Quando as luzes do mundo se apagam, surge a aurora do definitivo. Portanto, a morte não é o fim, mas o início. Ela não destrói a vida humana, mas transforma esta vida terrena em Vida Eterna.
Precisamos sempre lembrar da ressurreição de Jesus, que garantiu a nossa ressurreição, lembrando do que ele falou: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem vive e crê em mim, jamais morrerá” (Jo 11,25). Na liturgia rezamos: “Para os que creem, a vida não é tirada, mas transformada; e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado no céu um corpo incorruptível”.
Sabemos que a morte não é o “fim”, destruição, mas plenitude. É “fim” no sentido de finalidade, de meta alcançada. É como o estudante que, ao chegar ao final do curso, diz: “cheguei ao fim: formei-me”. Ou a mulher grávida que, entre dores e esperança, finalmente segura o filhinho(a) no colo e diz: “Que felicidade: consegui chegar ao fim”. Ou ainda, é como a espiga madura que só tem sentido se for colhida. Francisco de Assis, o santo da fraternidade universal, saudou a chegada da morte, com apenas 44 anos de idade, acolhendo-a, não como assassina e ladra, mas como irmã. A irmã mais velha que o recebeu e o devolveu ao Pai.
A morte não acontece somente no final da vida, mas é um processo que vai acontecendo no nosso dia a dia. O doente, em seu último e definitivo estágio, é denominado “terminal”. Na realidade, desde o dia do nosso nascimento somos terminais. Nossa morte não é algo reservado somente para “um dia no futuro”, mas ela acontece um pouco todos os dias. A ressurreição, também, vai acontecendo e florindo a cada dia, para se transformar, depois, na primavera definitiva. A eternidade é uma casa que estamos construindo para habitarmos desde agora e depois da morte.
Podemos dizer que a nossa vida é composta de duas curvas: a primeira é a curva biológica, em que a pessoa nasce, cresce, se desenvolve, envelhece e morre. A segunda é a curva espiritual, em que a vida inicia pequena, deve ir crescendo até alcançar a plenitude em Deus. Porém, a vida biológica e a espiritual não estão separadas, mas unidas. É uma só história, um só destino. O que não envelhece e não morre é a pessoa humana na sua essencialidade.
Que esta reflexão ajude a muitos de nós que perdemos nossos familiares ou amigos durante este ano. Ajude-nos, também, a confortar a quantos de nossos irmãos e irmãs que choram a perda se seus entes queridos e levar a eles a luz da fé, que nos faz ver a vida para além da morte.

Frei Pedro Cesário Palma, OFMCap.
Pároco

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