Setembro é o mês da Bíblia. Refletiremos, neste artigo, a relação de Francisco de Assis com as Sagradas Escrituras e como ele nos inspira em nosso testemunho e anúncio da Palavra de Deus.
São Francisco de Assis pautou a sua vida na Palavra de Deus. Foi na Sagrada Escritura que ele encontrou aconchego, alimento, conselho e exortação para sua vida, para a vida dos frades e para a sociedade do seu tempo. Ele radicalmente viveu a Palavra de Deus e abriu espaço em seu coração para escutar, refletir e viver esta Palavra. Ele, ainda que em seu testamento se considerasse “iletrado”, soube profundamente compreender as Santas Palavras, porque ouvia, refletia e vivia o que Deus lhe manifestava através delas.
Mais do que escutar, Francisco sabia ouvir com um coração acolhedor e comprometido. Uma vez ouvida a Palavra com o coração, Francisco a memorizava e a refletia profundamente, abrindo-se à luz da Divina Sabedoria, o Espírito Santo. Sendo assim, ouvir, refletir e viver a Palavra de Deus foi o cotidiano da vida de São Francisco de Assis. Através das Sagradas Escrituras ele atingiu a contemplação, a união com Deus, com as pessoas e com todas as criaturas.
Portanto, não dá para falar de São Francisco de Assis sem associá-lo à Palavra de Deus. A Igreja lhe deu o título de “Homo Totus Evangelicus”, porque ele entrou na intimidade do Evangelho e quis vivê-lo sem retoques. Ele mostrou que o Evangelho, no seu todo, é algo possível de ser traduzido em vida. Por isso iniciou a Regra dizendo: “A Regra e Vida dos Frades Menores é observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo” (RB I, 2).
Frei Hugo Baggio assim escreve: “Francisco soube verdadeiramente experienciar a Palavra, não como um conjunto de símbolos ou uma transcrição escrita de uma fala de Jesus, mas como um ser vivo, palpitante, que podia ser tocado e cujo toque provocava calafrios e o som como que enchia os ares. Para ele, tocar no livro que continha a Palavra de Deus era como tocar no próprio Cristo” (Baggio, “São Francisco, Vida e Ideal”, p. 43).
Vale ressaltar a maneira como Francisco anunciava a Palavra de Deus: com unção e respeito, de forma breve e simples, de modo que todos podiam entender, pregando muito mais com o testemunho de vida, do que com palavras. Atribui-se a ele a frase: “Preguemos sempre o Evangelho, se necessário usemos palavras”.
Que o Espírito Santo, que iluminou São Francisco na vivência e no anúncio da Palavra de Deus, nos ilumine também a vivê-la e anunciá-la com ternura e vigor. Cada um de nós, na realidade em que vivemos (na família, no trabalho, nos relacionamentos com as pessoas…), podemos e devemos testemunhar e anunciar a Palavra de Deus.
Frei Pedro Cesário Palma, OFMCap
